Segunda-feira, 30 de Janeiro de 2006

O Rei vai Nu...



                       P’lo jardim vai o rei a passear
                       Levando pela mão a sua amada
                       Ouve-se a cachoeira a murmurar
                       E o lindo chilrear da passarada

                       Viram estátuas viram bancos
                       Viram lagos viram fontes
                       Viram anjos viram santos
                       Viram grifos aos montes

                       Neptuno com o seu tridente
                       Golfinhos em pedra tratada
                       Vai o rei p’lo terreiro sorridente
                       Abraçando a sua amada

                       Cavalos treinados e galopados
                       Músculos tensos e trementes
                       No picadeiro são treinados
                       Por homens viris e competentes

                       Sai dali o rei satisfeito
                       Cheirando o cabelo de sua amada
                       Param enlevados junto a um ribeiro
                       Que por baixo deles passava

                       Vai a mãozinha marota sem pejo
                       De encontro aos palpitantes seios
                       Arfa o peito aumenta o desejo
                       Unem as bocas em doces beijos

                       O local não é o mais indicado
                       Para sua realização plena
                       Olha o rei para todo o lado
                       Nessa manhã linda e amena

                       P’lo carreiro vai o rei
                       Por ervas e silvado adentro
                       Em prazeres destes não há lei
                       Só luxúria e amor no pensamento

                       Desaperta com frémito ardor
                       As calças caem duma assentada
                       Treme o corpo com vigor
                       Levanta a saia à sua amada

                       Estavam em puro deleito
                       Em frémitos ais de prazer
                       Corre o amor a preceito
                       Que lindo é de se ver

                       Mas de repente apareceu
                       Não se sabe d’onde, surgiu
                       Em galope um grande alazão

                       Saído da bruma como macaréu
                       Uma saia levantada ele viu
                       E um rei com as calças na mão.






06.01.2005


publicado por marius70 às 18:11
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Segunda-feira, 2 de Janeiro de 2006

A Veia Literária


align=justify> Pensava eu que, com o virar da página, as ideias caíam em catadupa dando-me a criatividade suficiente de temas tais que a capacidade de as ordenar seriam, no mínimo, impossíveis. Afinal a página virou e eu estou a olhar para uma página em branco. Que raiva, tanto tempo sem escrever e, da “caixa dos pirolitos” nada sai. Mas eu sei que tenho uma veia literária, não sei onde ela está mas sei que ela existe. Coloquei um garrote pois lembrei-me daquele ditado: «Mais vale uma mão inchada que uma enxada na mão», ora bolas, incharam-me as veias todas e não consegui nenhuma que sobressaísse.

 De veias falado nada mais me resta senão pedir ajuda. Sim, que posso mais fazer? Se não o fizer, passam-se os 90 dias e lá vem um aviso do sapo: «Ou arruma umas ideias ou o blog será eliminado». O tipo é chato, bem gostaria de saber se ele para além de ser um «mamarracho» também dá um prémio para a criatividade! É um unhas de fome é o que ele é.

 Assim vou colocar uma série de hipóteses de temas para que me possam ajudar. Para que tipo de escrita estou predestinado?


“Suspense”

 Ela olhou em todas as direcções. Não vê ninguém. Estava aflita. Se fosse homem resolveria mesmo ali o problema, mas não ela. Uma viela a seu lado direito era como um convite, mas seria que poderia estar à vontade ou naquele recanto estaria alguém que a pudesse ver?!... Ai os homens, a sorte que eles têm. Apertava as coxas uma contra a outra, estava lívida, não aguentava mais, o que fazer?...

 Aqui paro a narrativa, fica o “suspense” no ar: Conseguirá ela o objectivo?

Crime

 Crime - disse ela - quando viu o facalhão e o alguidar cheio de sangue (se não houver nada disto não há crime). A cozinha estava arrumada, tudo no seu devido lugar. Uma panela ao lume despertou-lhe a atenção. O que estaria ali dentro? Não se via vivalma. O silêncio era quase absoluto. De repente, ouve passos ligeiros, um calafrio percorre-lhe a espinha. Sempre ouvira dizer que o criminoso voltava sempre ao local do crime. Seria a vez dela? Tomou as precauções devidas, não sabia com que tipo de assassino estava a lidar, todo o cuidado era pouco e escondeu-se atrás da porta pronta a atacar quem lá viesse. A porta abre-se lentamente, o relógio de cuco cocou e, de repente!...

 O que terá acontecido naquela cozinha?


Sensual

 Pela primeira vez ele sente aqueles peitos. Roliços, enchem-lhe completamente as suas mãos. Sente a finura da sua pele. Os mamilos entumecem quando ele passa com os dedos. Um prazer enorme toca-lhe os sentidos quando aperta com delicadeza aqueles peitos volumosos, nunca tinha visto e sentido nada assim. Faria mesmo o que tinha a fazer sentado no banco onde estava. Podia fazê-lo de outra forma mas nada lhe daria mais prazer do que estar ali bem perto e sentir o cheiro do leite a jorrar para dentro do balde...

 O que estavam a pensar?...


Trágico

 Quando Romeu morre, fá-lo porque pensa que a sua amada Julieta se tinha matado por ele. Ó que tragédia! Ó que amor, Romeu morre pela sua amada. Sublime esta parte em que as lágrimas rolam pelas faces de quem assiste a esta dramática cena. As casadas abanam os leques pensando se o marido, a seu lado, faria o mesmo por ela. As solteiras, cheias de baba e ranho, soltam languidos suspiros, esperando que um dia, o seu Romeu lhes apareça em caminho, prontos a fazer o sacrifício supremo por elas... casando!

 Cena trágica; de um lado, Romeu esvaindo-se em sangue, do outro, Julieta deitada seminua. De repente, o choramingar do público presente para e um Ó de admiração percorre a plateia, Julieta soerga-se do seu leito e, olhando para o corpo lívido de Romeu exclama: - Que “ganda” parvo!

 Aqui, como narrador, terei que fazer uma pausa e saber quem foi que teve a ousadia de rescrever esta versão do Romeu e Julieta do grande SHAKESPEARE...

Cómico

 O neto bateu na avó. A população veio toda a terreiro tentando fazer justiça pelas próprias mãos. Onde é que se já viu isto? Um neto bater na avó?! Onde é que este mundo vai parar quando já não há respeito pelos mais velhos? E, pegando em foices, cajados e mais material de guerra, dirigem-se a casa da avó do neto a fim de julgar o criminoso. Lá longe, o primeiro-ministro desta aldeia, tem uma distensão muscular a descer os Alpes suíços, aqui são bem capazes de ter cãibras pois a ladeira é bem íngreme. A turba, chegando esbaforida, encontram a avó e o neto brincando à estátua, quem se mexe... leva!

 Nos Alpes suíços, o primeiro, coitado, com uma distensão muscular, recebe um único telegrama, do Seringueti, de um macaco que lá conheceu a desejar-lhe as melhoras,... povo ingrato!

 Agora a votação. É só clicar no tema que mais gostaram e, assim terei encontrado a minha veia literária e o meu futuro de escrita aqui no blog estará garantido.

publicado por marius70 às 18:07
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