É verdade, eu, um nortenho, hoje senti-me alentejano.
Almoço, regado com um vinho tintinho de Cuba de 2006, fresquinho (coloco sempre no frigorífico meia hora antes de beber) e aí está o “je” a pensar que está debaixo de um chaparro, mordiscando uma palha, de botas de atanado grosseiro, calças e colete de cotim. Chambre de riscado e lenço ao pescoço. Resguardando as calças uns safões de lona e na cabeça chapéu de abas largas e copa redonda. Um autêntico alentejano dormindo a sesta.
Mesmo que o passarinho cantasse nada era comigo. Ali na planície alentejana, onde o sol castiga mais, sentia-me como um nababo, sem nada na coutada mas com o mundo na mão.
Estar em paz comigo mesmo é estar em paz com o mundo. Podem cair raios e coriscos mas a sensação de que estou ouvindo «Vou-me embora vou partir» dá-me vontade de ficar. Entregue a Deus, entregue à Natureza.
Se a culpa é do Cuba de 2006 não sei, sei é que há dias assim...
...E eu, um nortenho, hoje, senti-me alentejano, amanhã é outro dia!
P.S. - O povo alentejano, como todos os outros povos que fazem parte deste jardim à beira-mar plantado, é um povo trabalhador. Tem a fama mas não teve o proveito pois foi um povo extremamente explorado. E o Alentejo, ontem o celeiro de Portugal, está em completo abandono porque quem governa este País pensa que sai mais barato comprar lá fora o que tínhamos cá dentro.